O dia estava carregado e anunciava trovoada. De quando em quando uma gota de chuva grossa molhava-nos o rosto.
A Biblioteca Andarilha chegava a Trindade e pouco e pouco as crianças e os adultos aproximavam-se curiosos. A memória os mais velhos guardam ainda a lembrança da carrinha da Gulbenkian e a longínqua experiência com a palavra escrita.
Crianças, moças, mulheres e também homens desceram ao largo, para escutar, ler e bailar. A Helena apressa-se a convidar para entrar, para usar e aos poucos os livros, os jornais e as revistas saltam da carrinha e espalham-se pelas mantas pelos bancos . (foto)
Ainda não sabemos o que gostam de ler . Percebemos que os jornais estão todos a rodar e que em torno de uma mesa de revistas as senhoras comparam rendas e modelos. (foto)
Percebemos também que querem conhecer-nos e que anseiam pelos contos que o Jorge Serafim contará nas escadarias da aldeia na noite dos Contos do Suão iniciativa que será feita simultaneamente em todas as aldeias do concelho de Beja.
Daquei a uns dias mais de 50 narradores virão a Beja oferecer a todas as aldeias uma sessão de contos. São danados estes narradores qualquer toque a rebate e já se organizam para ajudar.
Já chove e temos de nos abrigar num cantinho. Mantas no chão e ali sem adereços, apenas com livros, gestos e voz, tentamos acordar nas crianças, mas também nos adultos o gosto pela palavra. ( foto )
Porque será que quando mais pequena e afastada de Beja é a aldeia mais as pessoas nos procuram?
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