O grupo de idosos da Cáritas de Beja aguarda calmamente
pelas Conversas Andarilhas. A sala está cada vez mais cheia, cada vez há menos
espaço para circular, a roda "redonda" alarga-se a cada sessão. Não
pode crescer mais!
Hoje as conversas chegam em formato de “Corrupio”.
De dentro de um talego de pano tiro um livro, leio o título
e pergunto: o que será um corrupio? O grupo responde:" é andar num
corrupio, andar à pressa."
-Vamos olhar para a capa. Quais são as cores mais
importantes desta capa? Vejam aqui uma moça com uma saia vermelha. Que
corrupio será este?
Esta história fala do desejo de uma moça. Leio: “Desde
menina que Maria tinha um desejo: ter uma saia encarnada.”
Falamos sobre os desejos que tinham em
jovens e inevitavelmente chegamos aos bailes, à passagem de criança para jovem
e ao namoro. Voltamos à leitura do texto: “ (…) e foi ao mover o corpo num jeito de valsa que Maria percebeu que não
era apenas uma saia encarnada.”
Os bailes são referidos como o lugar de
encontro entre jovens, idosos, crianças e sobretudo o encontro da aldeia, uma
festa que criava alegria e convívio entre as pessoas. Todos queriam estar
bonitos para o baile, pois era onde as raparigas podiam mostrar as roupas, os
penteados, mostrar o jeito com que acertavam o passo e a sua delicadeza na
dança e onde os rapazes também cuidavam da sua aparência, do jeito de olhar
para ser certeiro. Era ali que se começavam namoros. Depois do namoro no baile
vinha o casamento... e depois a mulher punha o avental e pronto, acaba-se tudo!
O rodar da saia mudava, não se dançava com a liberdade de criança e jovem,
como antes. A aldeia parava o rodar da saia...
Continua no Diário de Bordo
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