quarta-feira, 16 de abril de 2014

A propósito da história da CARTA

Temos quase dois anos que trabalho – pouco mais de uma dezena de sessões - no centro de dia de Cabeça Gorda com o grupo de idosas que ali se reúne para o chá e torradas.  Às vezes o menu altera-se e aparecem as travessas de cachola com sangue ou as fatias douradas, acompanhadas com café de cevada e chá. Outras vezes somos interrompidos pelos vendedores ambulantes que entram para perguntar se queremos queijos, linguiças, paio. Às vezes rezámos por alma de alguém.
- Vamos lá nós rezar por alma dela – lembrou-se no outro dia, uma das senhoras a propósito do desagrado como se tratam hoje as missas por alma. Rezaram todas em uníssono . Eu acompanhei em silêncio dividida e espantada: deixar-me embalar naquela reza ou documentar a forma natural como o sagrado e o profano se unem em roda daquela mesa.(...) Continua no nosso Diário de bordo

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