Terra Limpa
O sol que não assina, mas assume
e termina a cor de oiro do tremês
assim fez o mês de agosto
e amadurece a manhã
até ao lume da maçã do rosto
onde corre o derradeiro
ribeiro
que só se escoa
quando a tarde morre.
E no resto nem lagoa,
sombra de pedra ou de serra.
A única sombra que medra
é a do homem na terra
até ao fim da tarde encarniçado e triste
como uma chaga de guerra.
É neste azul do sul que o sol existe
e o céu assiste à solidão da terra
Martinho Marques
O nómada sentado, 1995
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