terça-feira, 27 de novembro de 2012

"Conversas à volta de uma mala"

Quando chegava a hora

E depois lá chegava a horinha. rezava-se para que fosse boa e pouco demorada.
Quem assistia o parto era uma mulher habilidosa, com uma certa idade e muita experiência. Era ela que vinha a casa ajudar.
Mas o mundo não é feito a duas cores, a preto e branco, também temos que contar com os cinzentos. Quero eu com isto dizer, ao senhor, que nem sempre era tal e qual o que acabei de lhe dizer.

António Mota, in "Outros Tempos"
 



A mala da parteira de Jorge Pereira foi o pretexto para uma tarde de partilha de vivências e leituras com as senhoras que frequentam o Centro de Convívio de Cabeça Gorda.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Novidades

Quentinhas e boas!
Temos para si estas e outras novidades, na sua Paragem de Leitura!
     

           

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O Livro

Dos diversos instrumentos do homem, o mais assombroso é, indubitavelmente, o livro. Os outros são extensões do seu corpo. O microscópio e o telescópio são extensões da vista; o telefone é o prolongamento da voz; seguem-se o arado e a espada, extensões do seu braço. Mas o livro é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação.
Em «César e Cleópatra» de Shaw, quando se fala da biblioteca de Alexandria, diz-se que ela é a memória da humanidade. O livro é isso e também algo mais: a imaginação. Pois o que é o nosso passado senão uma série de sonhos? Que diferença pode haver entre recordar sonhos e recordar o passado? Tal é a função que o livro realiza.
(...) Se lemos um livro antigo, é como se lêssemos todo o tempo que transcorreu até nós desde o dia em que ele foi escrito. Por isso convém manter o culto do livro. O livro pode estar cheio de coisas erradas, podemos não estar de acordo com as opiniões do autor, mas mesmo assim conserva alguma coisa de sagrado, algo de divino, não para ser objecto de respeito supersticioso, mas para que o abordemos com o desejo de encontrar felicidade, de encontrar sabedoria.

Jorge Luís Borges, in "Citador"